Gestos - 2

Capítulo 2 – O Gesto Esquecido

Estávamos os dois na quinta série, ambos com 11 anos de idade e um pouco mais crescidos.
Eu havia continuado no meu mundo de anti social enquanto ele continuava a ficar cada vez mais popular. Ouvi até comentários de que ele estava namorando a garota mais bonita da sala, mas não fiz caso, tudo que senti foi um leve ciúme, nada mais. Pensei que o ciúme que estava sentindo era de amigo, mas demorou um pouquinho mais de tempo para que eu percebesse uma lágrima caindo dos meus olhos.


- Droga! – Falei pra mim mesmo enquanto estava sentado em um jardim um pouco isolado na área da escola.

Ele era popular e a conseqüência da popularidade era essa, mas eu realmente havia começado a gostar dele, de uma forma estranha, mas me sentia bem por isso.

Um dia, neste mesmo jardim, Kuro e eu nos encontramos.

- Eu gosto deste lugar, é onde sempre venho para me acalmar quando estou com raiva ou triste. – Kuro falou enquanto se sentava ao meu lado. - Eu acho que esse lugar é bem bonito também. – Falei tímido. - Sabe Shiro... Eu tenho algo para te falar... – Kuro falou olhando para o céu, parecia ficar nervoso de uma hora para outra. - O que foi? – Perguntei curioso. - Bem... Somos amigos, não é? - Sim, claro. – Respondi e falei para mim mesmo: “Bem que queria que nós fossemos outra coisa...” - Se você soubesse que tem alguém gostando de você, qual seria sua reação? - Não consigo imaginar. – Respondi.

Por um tempo ficamos em silencio, apenas observando o céu e ali, juntos. Enquanto isso, eu senti a mão de Kuro tocar a minha. Kuro entrelaçou seus dedos em minhas mãos e eu retribuí.
- Bem eu... – Kuro falou. - Kuro!!! – Um amigo dele chegou alarmado. - O que houve? – Kuro perguntou soltando minha mão rapidamente. - Seu pai... – O garoto respondeu preocupado. – Ele... Ele morreu.

Kuro saiu correndo e foi embora da escola sem nem sequer olhar para trás, as lágrimas em seus olhos caíram pelo caminho enquanto ele corria. Kuro só tinha a seu pai e sua mãe morava no Peru, que ficava bem longe do Japão.

Depois desse dia, quando procurei por ele não o achei, ele já havia partido para o Peru com sua mãe que veio lhe buscar. Por muitas noites chorei por ele não estar ao meu lado, não tinha a pessoa que eu amava ao meu lado, só sentia dor e cada vez mais forte.

O pior de toda essa história é que eu não pude dizer adeus, não consegui. O destino nos separou a força, tanto que nos fez sofrer por isso. Foi o meu gesto esquecido, não conseguir dizer “Adeus, meu amigo... Quero dizer, meu amor!”

Continua...

• Feita por Akuma Neko

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